Alexandria era uma cidade egípcia, fundada pelo imperador grego Alexandre O Grande no ano 331ac., cidade esta que durante mil anos foi a capital do Egito.

Alexandria é conhecida por sua extensa biblioteca – Biblioteca de Alexandria, a maior biblioteca do mundo antigo. Alexandria teve participação ativa na história do cristianismo, principalmente no que diz respeito a educação.

Vejamos a seguir um pouco da influência que Alexandria exerceu sobre o cristianismo.

O apóstolo São Marcos, foi o primeiro cristão a chegar na cidade de Alexandria no ano 43dc, no período do terceiro ano do imperador Cláudio de Roma, onde Pregando para um sapateiro da cidade, chamado Aniano, ganhou o primeiro converso ao cristianismo. Ali marcos estabeleceu a primeira igreja cristã, e então se tornou o primeiro bispo de Alexandria,e posteriormente também veio a ser o fundador do cristianismo na África, visto que  Alexandria também foi um grande ponto de encontro entre a Europa, a África e a Ásia, porque a cidade beneficiou da ligação entre o Mar Mediterrâneo e o Mar Vermelho.

Ainda de acordo com Eusébio (Hist. Ecl. II 24.1), o sucessor de Marcos como bispo de Alexandria foi Aniano, no oitavo ano do imperador Nero (62-63 d.C.), por conta da perseguição aos cristãos comandada por Nero, que resultou no martírio de João Marcos. – Max Altman | São Paulo – 25/04/2012, operamundi.com.br

Desde então até a época do imperador Trajano (começo do século II), os cristãos tiveram que ocultar suas crenças, ameaçados pelas perseguições. E só então, a partir deste momento (começo do segundo século) se permitiu com tolerância estender-se por toda a cidade de Alexandria e pouco a pouco, ao longo de todo o vale do Nilo.

Neste período de silêncio, o cristianismo em Alexandria enfraqueceu-se, e até certo ponto recebeu as influências da cultura grega que se tornara comum na capital do agora conquistado Egito, e é então que através de uma tentativa de influenciar ao invés de ser influenciado, que no século II, Panteno um filósofo e teólogo cristão do século II, educado na doutrina estóica que foi uma escola de filosofia helenística fundada em Atenas por Zenão de Cítio no início do século III a.C, e que desde a sua fundação, se tornara popular, com seguidores na Grécia romana e por todo o Império Romano, incluindo o imperador romano Marco Aurélio ( 161–180), até o fechamento de todas as escolas de filosofia pagã no ano 529 por ordem do imperador Justiniano (527–565), que os percebeu como em desacordo com a fé cristã). Panteno vivendo em Alexandria, Converteu-se ao Cristianismo e procurou conciliar a nova fé com a filosofia grega. E, posteriormente, Tito Flávio  Clemente de Alexandria o Seu mais famoso estudante, também conhecido como Clemente, viria a substituí-lo posteriormente na direção da escola. Clemente havia sido discípulo de outros seis professores antes de conhecer Panteno. Quando o encontrou, disse: “Encontrei finalmente aquilo que procurava”. Clemente também teve um discípulo, que se chamava Orígenes, e então estas três principais peças, estabeleceram nesta cidade um verdadeiro seminário de teólogos, até tal ponto que o resto da cristandade os olhava com certo receio. É o que se conhece como a Escola Catequética de Alexandria.

Esta escola se tornou um ponto de “encontro ecumênico” onde cristão e filósofos encontravam e estudavam juntos, partilhando assim de suas ideias e conhecimento, por volta desta época, a cultura grega influenciou grandemente o cristianismo. Artigo Mercabá – a obra patrística

Ao haver esta união, o curso de teologia cristão que até então não era aceito pelo sistema educacional grego de Alexandria, agora passa a ser aceito e então o cristianismo, paga o preço da mácula cultural agregada a si, afim de se tornar popular e aceito mais facilmente pelos intelectuais gregos.

Embora nenhum escrito de Panteno tenha sobrevivido, seu legado é conhecido hoje por causa da influência da Escola Catequética no desenvolvimento da teologia cristã, em particular nos primeiros debates sobre a interpretação da Bíblia, sobre a Trindade e a Cristologia. (História Eclesiástica. Circumstances Related of Origen (em inglês)

A respeito de clemente sabemos que ele pesquisou as lendas menos compatíveis com os valores cristãos. Sua abertura a fontes familiares aos não-cristãos ajudou a tornar o cristianismo mais aceitável para muitos deles.

Clemente foi um erudito numa época em que os cristãos eram geralmente pouco letrados. Não obstante, foi capaz de construir argumentos lógicos convincentes, baseados nas escrituras e na filosofia, a favor do cristianismo e contra os gnósticos de Valentim, que, baseados em Alexandria – o mais importante centro de atividade intelectual da época – estavam em plena expansão.

Clemente de Alexandria teve um papel importantíssimo na história da hermenêutica entre os judeus e os cristãos no período patrístico.

Em Alexandria, no período helenístico, a religião judaica e a filosofia grega se encontraram e se influenciaram mutuamente, resultando assim no surgimento da escola que, influenciada pela filosofia platônica, encontrou um método natural de harmonizar religião e filosofia na interpretação alegórica da Bíblia. Clemente de Alexandria foi o primeiro a aplicar essa abordagem à interpretação do Antigo Testamento, em substituição à interpretação literal.

Durante a perseguição aos cristãos (201-202), pelo imperador romano Sétimo Severo, Clemente transferiu seu cargo na escola catequética ao discípulo Orígenes e refugiou-se na Palestina, junto a um antigo aluno, Alexandre, bispo de Jerusalém, lá permanecendo até sua morte. (SPINELLI, Miguel. “Os preceitos estóicos e a crítica de Clemente de Alexandria aos filósofos.” In: SPINELLI, M. Helenização e recriação de sentidos. A Filosofia na época da expansão do Cristianismo – Séculos, II, III e IV. Porto Alegre: Edipucrs, 2002, p. 63-78.)

Toda essa miscigenação de ideias culturais, educacionais e cristãs, se uniram e então, por ocasião de traduções do Antigo Testamento para o grego, sofreu influência das ideias que agora haviam se formado por ocasião da junção de pensamentos gregos e filosóficos com a teologia cristã.

Orígenes de Alexandria ou Orígenes de Cesaréia ou ainda Orígenes, o Cristão, sabemos que foi O maior erudito da Igreja antiga – segundo J. (Jerônimo) Quasten – nasceu de uma família cristã egípcia e teve como mestre Clemente de Alexandria.

Assumiu, em 203 a direção da escola catequética de Alexandria – fundada por um estóico chamado Panteno, que se havia convertido à mensagem de Jesus – atraindo muitos jovens estudantes pelo seu carisma, conhecimento e virtudes pessoais.

origenes

Acima: Orígenes.

Depois de ter também frequentado, desde 205, a escola de Amônio Sacas, fundador do neo-platonismo e mestre de Plotino, apercebeu-se da necessidade do conhecimento apurado dos grandes filósofos.

No decurso de uma viagem à Grécia, no ano de 230, foi ordenado sacerdote na Palestina pelos bispos Alexandre de Jerusalém e Teoctisto de Cesaréia.

Em 231 Orígenes foi forçado a abandonar Alexandria devido o fato o de Orígenes ter levado ao extremo a apropriação da filosofia platônica, tendo sido considerado herético.

“O número de trabalhos e livros que escreveu é vastíssimo, ultrapassando todos os pais da antiguidade. Alguns exemplos: os Hexapla, onde ele reunia em seis colunas diversas versões do Antigo Testamento (hebraico, transcrição do hebraico para o grego, tradução de Áquila, de Símaco, dos LXX e de Teodocião), Contra Celso (apologia contra as acusações feitas pelo filósofo platônico Celso, no séc. II), Da oração, Exortação ao martírio, Disputa com Heráclides.”

E em sua tentativa de reencontrar o texto grego baseado no hebraico, ele dispôs os vários textos a fim de encontrar as divergências, entre o texto hebraico (original) e o grego septuaginta), e então onde o texto grego apresentava falha, completava-o (ele – Orígenes) com textos de sua versão hexapla e de outras traduções que ele continha. O texto resultante, porém, não foi o grego original, mas antes, um artificial, contendo anotações marginais. Würthwein, E. (1987). Der Text des Alten Testaments. Stuttgart: Deutsche Bibelgesellschaft. 66 páginas

Enquanto isso, entra em cena Justino, o mártir (100-170) Flávio Justino Mártir nasceu em Siquém, na Palestina, no início do segundo século e morreu mártir no ano 170. Depois de peregrinar pelas mais diversas escolas filosóficas (peripatética, estóica e Pitagórica) em busca da verdade para a solução do problema da vida, abandonou o platonismo, último estágio de sua peregrinação filosófica. O amor à verdade fez que ele rejeitasse, pouco a pouco, os sistemas filosóficos pagãos e se convertesse ao cristianismo. Em sua época, foi o mais ilustre defensor das verdades cristãs contra os preconceitos pagãos.

Embora leigo, é considerado o primeiro “pai apologista” da Igreja, logo depois dos primitivos “pais apostólicos”, pois dedicou sua vida à difusão e ao ensino do cristianismo. Em Roma, abriu uma escola para o ensino da doutrina cristã na cidade de Éfeso e, ainda nessa cidade, dedicou-se ao apostolado, especialmente nos meios cultos, onde se movimentava com desembaraço. Escreveu muitas obras, mas somente três chegaram até nós: duas apologias contra os pagãos e um diálogo com o judeu Trifão. Foi açoitado e, depois, decapitado.

É importante notar que em busca de melhorar o sistema educacional, todos os que iniciavam as escolas de ensino cristão, anexavam ao seu currículo, suas idéias platônicas, adquiridas em seus estudos anteriores a sua conversão, então cada vez mais decaia o padrão do ensino cristão, que cada vez mais se entrelaçava com a filosofia grega. SPINELLI, Miguel (2002), Helenização e Recriação de Sentidos. A Filosofia na época da expansão do Cristianismo – Séculos II, III e IV, Porto Alegre: EdiPUCRS.

E logo a seguir, a história apresenta Jerônimo que em seus escritos elogia Orígenes como sendo o maior erudito da igreja antiga.

Jerônimo (325-378dc.)

Nascido por volta do ano 345 em Aquiléia (Veneza), extremo norte do Mar Adriático, na Itália, Jerônimo passou a maior parte da sua juventude em Roma, estudando línguas e filosofia. Apesar de a história não relatar pormenores de sua conversão, sabe-se, porém, que ele foi batizado quando tinha entre 19 e 20 anos. Depois disso, ele embarcou em uma peregrinação pelo Império que levou vinte anos.

Foi erudito das Escrituras e tradutor da Bíblia para o latim. Sua tradução, conhecida como a Vulgata, ou Bíblia do Povo, foi amplamente utilizada nos séculos posteriores como compêndio para o estudo da língua latina, assim como para o estudo das Escrituras.

No sentido corrente, Vulgata é a tradução para o latim da Bíblia, escrita entre fins do século IV e início do século V, por São Jerônimo, a pedido do bispo Dâmaso I, que foi usada pela Igreja Cristã e ainda é muito respeitada.

Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se sobre tudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes.

No século IV, a situação já havia mudado, e é então que o importante biblista Jerônimo traduz pelo menos o Antigo Testamento para o latim e revê a Vetus Latina.

Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única, versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta. No Novo Testamento, São Jerônimo selecionou e revisou textos. Chama-se, pois, Vulgata a esta versão latina da Bíblia que foi usada pela Igreja Católica Romana durante muitos séculos, e ainda hoje é fonte para diversas traduções.

Jerônimo sofreu influências dos escritos de Orígenes, até mesmo por possuir uma grande admiração por ele, como vimos anteriormente. Então agora as traduções que se tinham até então do antigo testamento eram em hebraico e aramaico no seu idioma original e a versão grega, conhecida como septuaginta, e a Peshitta, que era uma versão siríaca, O Velho Testamento da Peshitta é a parte a mais antiga da literatura siríaca de todos os tempos, com a provável origem no século II. A maioria das igrejas primitivas confiava na Septuaginta grega, ou em traduções dela, para o Velho Testamento, quanto a Igreja Siríaca teve seu texto traduzido diretamente do  O texto Hebraico que serviu como uma cópia mestra para a tradução deve ter sido relativamente similar ao Texto Massorético das Bíblias Hebraicas medievais e modernas. – J.N.D. Kelly, “Jerome: His Life, Writings, and Controversies” (Peabody, MA 1998); S. Rebenich, “Jerome” (London and New York, 2002) ;”Biblia Sacra Vulgata,” Stuttgart, 1994. ; Schaff-Herzog Encyclopedia of Religious Knowledge, de 1914

Montado este pano de fundo, temos a igreja de Alexandria que através de sua escola, promove Orígenes,e agora possui os escritos sagrados no idioma grego produzidos por ele além da septuaginta em grego koionê, temos também a igreja em Roma com os escritos em latim de Jerônimo, que sofreu as influências de Orígenes, e a igreja em Antioquia com a sua versão siríaca da Peshitta, mas havia a necessidade de uma versão grega na igreja de Antioquia, mas a versão de Orígenes era totalmente repudiada por haver erros e interpretações particulares dos versos bíblicos, é então que Luciano de Antioquia entra em cena.

Luciano nasceu em Samósata, capital do reino de Comagena (Síria), de pais cristãos, e foi educado na vizinha cidade de Edessa, Mesopotâmia, na escola de um certo Macário.

Em Antioquia, Luciano foi ordenado presbítero. Eusébio de Cesaréia destaca sua erudição teológica e a Vida de Luciano (escrita após 327dc.) reporta que ele fundou uma Didaskaleion, ou seja, uma escola. Estudiosos seguindo Adolf von Harnack entendem que ele foi o primeiro reitor da Escola de Antioquia.

Então Luciano inicia sua ilustre obra; elaborou uma obra crítica da Bíblia, Antigo Testamento e Novo Testamento. Reuniu ele vários manuscritos da Bíblia e fez uma nova versão grega, mais fiel aos textos originais, utilizando palavras da septuaginta, ao invés de sinônimos, e frases que mostram a tradução grega de um hebraico de qualidade superior ao massorético, usou também os textos da Peshitta, o grego que mais se aproximava ao grego utilizado por Flávio Josefo.

Assim, Antioquia permanece com uma versão, mais fiel aos textos originais, com escolas possuindo padrões bíblicos e não filosóficos, e por conseqüência, passa a enfrentar o desagrado do líderes da igreja de Alexandria e Roma, que interpretavam tudo isso como sendo insubordinação para com os demais lideres da igreja.

Em uma tentativa de trazer a igreja de Antioquia para mais próximo de Roma, visto que a igreja que residia em Roma, tinha o apoio da igreja de Alexandria, pois fora ela que trouxe toda a sua influência grega sobre a igreja romana, o bispo de Roma decreta que a páscoa seria comemorada todos os anos no domingo, em homenagem a ressurreição de Jesus Cristo, e assim, a igreja de Antioquia se desliga da igreja de Roma completamente, não aceitando a imposição do bispo de Roma que se colocou como o cabeça de todas as igrejas, que aceitando, esta imposição, se uniram a Roma, permanecendo debaixo de sua autoridade eclesiástica, assim como a igreja de Alexandria. “Lucian of Antioch” na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês) ; História Eclesiástica. Those who suffered Martyrdom at this Time. (em inglês) ;  História Eclesiástica. The Bishops of the Church that evinced by their Blood the Genuineness of the Religion which they preached. (em inglês). ; Schaff, Philip. History of the Christian Church. Ante-Nicene Christianity. A.D. 100-325 (em inglês).

Logo, a educação alexandrina, causou tremendos impactos sobre o cristianismo, aponto de exercer influência sobre toda cristandade até os dias de hoje, pois as traduções bíblicas da reforma protestante, de Wicliffe, Lutero, Jerônimo foram apenas um reflexo das traduções de Jerônimo de Roma, que fora influenciado por Orígenes, que estudou em Alexandria.

Querendo ou não, a educação tem exercido uma influência exacerbada e significativa sobre a história do povo de Deus, infelizmente, esse detalhe extremamente significativo e patente aos nossos olhos, tem sido desmerecido e desacreditado, e sua influência vem sendo sentida em nosso meio… não sabemos até quando tudo permanecerá da forma que agora está, mas eu convido você, a sentir o desejo de lutar contra um sistema educacional que silenciosamente tem invadido até mesmo os lares do povo do advento, impossibilitando-nos de avançarmos em nossa preparação para a proclamação da última mensagem que será da ao mundo, a tríplice mensagem angélica, junte-se a nós nesta obra, seja um mensageiro de esperança para um mundo em trevas espirituais.

Por Rodrigo Eduardo de Jesus +55 98 9169-2727 zap