Sermão do Pr. Jorge Mário pregado no dia 11/12/1999 para os formando do SALT, no UNASP-EC.

Rumo à Eternidade – Pr. Jorge Mário de Oliveira, então Prof. do então Salt no então IAE-2

Introdução:

Apreciei o lema escolhido: “Transpondo o milênio rumo à Eternidade…” Vem-me à mente a passagem do mar vermelho, deixando para trás o Egito, permitindo que o povo de Deus marchasse rumo à Terra Prometida.

Não tinham idéia do que os aguardava. As expectativas da terra que manava leite e mel empanaram-lhes a percepção quanto as realidades do dia a dia. Murmurações, contendas, queixas, ataques à liderança, debilitaram a fé daqueles que haviam atravessado o mar com euforia rumo, à terra gloriosa.

Daqui a pouco, o milênio será transposto. A eternidade, tão sonhada, aproxima-se ao som dos passos de um Deus que vem para Reinar. Declara o apóstolo: ” Porque, ainda dentro de pouco tempo, aquele que vem virá e não tardará.” (Heb. 10:37). Oh! Tempos de esperança realizada! Bendito!

Mas dias difíceis nos aguardam. Áridos como o deserto enfrentado pelos Israelitas. Paulo, escrevendo à Timóteo, profetizou acerca desse tempo.
“Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis…” (II Tim. 3:1)

A razão para as dificuldades, seriam as pessoas..

“… Os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder… ” (II Tim. 3:2-5)

Não poderia ser mais perfeita a descrição dos dias atuais. Produto, e ao mesmo tempo formadoras do meio, “as pessoas” do tempo do fim não seriam nada fáceis.

A iniqüidade faz o amor esfriar.

O pós-modernismo provê o fundamento filosófico.

O espiritualismo oferece soluções mágicas que agradam a todos os gostos e preferências, de um homem egoísta, arrogante, blasfemo, irreverente, piedoso. “Aparentemente” piedoso.

E aí está um dos grandes desafios do pastorado dos senhores. Lutar contra a falsa piedade. Contra o mal da aparência do bem. Contra o pluralismo religioso e sincrético da atualidade. Contra o relativismo, conceito popular demoníaco de que não existe verdade absoluta. De que cada sociedade ou cultura, define o que é verdade para si.

Estas e outras produzirão dias amargos para os pastores que defendem a verdade absoluta; a autoridade das Escrituras Sagradas; as orientações do Espírito de Profecia dos escritos de Ellen G. White; as crenças “anti-sociais”, “fundamentalistas” e “antiquadas” do Adventismo do século passado.

“Deus necessita de homens… que não se comprem nem se vendam…” (EGW, Ed. pág. 57) Homens que como Elias, tenham coragem de enfrentar, se necessário, os reis do Adventismo. No nome do Senhor apontar-lhes os pecados e, agüentar as conseqüências como Elias agüentou. Homens que não tenham medo de “se queimar”, em defesa da verdade.

Vivemos em dias de pastorado que busca mais a popularidade do que fazer a vontade Deus. Pusilânimes do Evangelho. Que promovem eventos que o povo gosta, independente de ser proveitoso para a vida espiritual, a fé, e as virtudes cristãs. Em vez de orientarem, de ensinarem a Palavra de Deus, iludem a igreja com quireras de mensagens agradáveis. Isto não significa que as mensagens devem ser desagradáveis, mas que devam fortalecer a fé, inspirar e motivar à permanência nos ideais do Reino. Reavivar para reformar.

Senhores, o sábado já não é mais observado entre os Adventistas do 7º Dia, como Deus recomendou que fosse. Aparecem racionalizações e justificativas de todos os lados. Perfeitamente permissivas dentro da moldura pós modernista do fim. Mas inadmissíveis para um Deus que não negocia princípios. Durante suas horas, planos são feitos para as atividades sociais da noite em busca de satisfação pessoal. E se você, como pastor, ensina a fazê-lo como as Escrituras ordenam, certamente dirão: Pastor, os tempos mudaram. Isso era para aqueles dias… Hoje é diferente!

Esta é uma das tendências que tornam os tempos do fim, dias difíceis.

A adoração cada vez mais se transforma em um show e a casa de Deus em centro de diversão ou encontro de amigos. Estes dias me aproximava deste local. Faltavam uns 20 minutos para o início do culto no sábado pela manhã. A música que ouvi, não me fazia associar o ambiente a uma casa de oração, mas a um barzinho qualquer onde amigos se encontram para comer e conversar.

A música religiosa contemporânea esta aí. Iludindo e enganando as pessoas. Sincrética, mistura envenenada de sagrado e profano, traz ao seio da igreja o mesmo estilo que o diabo usou nas suas casas de perdição. Mudaram a letra para “vender” e dizem que é para louvar a Deus. Como se Deus dependesse de “louvor” para ser o que É. Ó afronta! Ó insensatez!

E pasmem senhores, ninguém diz nada. A igreja de Deus se encontra à beira de um precipício, a olhos vistos, pronta para se estatelar no abismo do secularismo, do liberalismo e ficamos de braços cruzados para ver o que vai acontecer. Será que não podemos antever? Será que não podemos perceber que em nome do modernismo, da contextualização aos desejos e vontades do povo, os marcos distintivos do Adventismo Bíblico estão sendo abandonados? Omissão é o pecado que empesteia o arraial de Deus. Especialmente a tribo de Levi. Desejo de popularidade. Busca de votos. Competição por cargos. Agradar mais aos homens e a si mesmo do que a Deus.

E o que diríamos sobre os conceitos de moralidade? Já não se busca as Escrituras como referencial ético mas “O que Eu Acho”, a minha experiência é que pesa mais. Ai daquele que se atreve a “achar” diferente da massa. É discriminado, marginalizado, ridicularizado, zombado e escarnecido. Pelos próprios irmãos e companheiros de trabalho. Dias difíceis para o pastorado Adventista.

Deus quer pastores com quem possa contar. Homens como Elias. “Que não se comprem, nem se vendam…” homens que não estejam comprometidos com o pecado. Que não estejam “enrolados”, amarrados no emaranhado das coisas e preocupações desta vida.

É a esta geração de pessoas, muitas delas sinceras, iludidas e enganadas, que Deus os chama para trabalhar. E não se iludam, se necessário for, sozinhos. Como Elias. Onde estavam os Levitas de seus dias? Onde estava a liderança espiritual do povo? Comprometidos com Baal.

E hoje? Se perguntássemos aos membros da igreja se lêem a Bíblia, se estudam a lição da Escola Sabatina, se lêem a meditação, se fazem culto doméstico, se conhecem as Belas Histórias das Escrituras. Que desastre! Que calamidade!

Mas sabem o nome dos artistas do sucesso. Não ficam sem assistir a nenhum lançamento cinematográfico. Não são capazes de identificar as ações de Deus na história mas estão atualizadíssimos por acompanharem fielmente, a cada dia, a imprensa especializada em propagar as obras de Satanás.

E os levitas? Como estariam? Querem conhecer um pastor? Olhe para sua igreja. Estes são dias difíceis.

Conteúdo Central:

Não sei o que você sente diante deste quadro fatídico. Tenho a impressão que o mesmo que Jeremias sentiu quando foi chamado por Deus.

“Então, lhe disse eu: Ah! SENHOR Deus! Eis que não sei falar, porque não passo de uma criança.” (Jer. 1:6)

Só que Deus contra argumentou dizendo-lhe, o que é, essencialmente válido para você nesta manhã.

“Mas o SENHOR me disse: Não digas: Não passo de uma criança; porque a todos a quem eu te enviar irás; e tudo quanto eu te mandar falarás. Não temas diante deles, porque eu sou contigo para te livrar, diz o SENHOR. Depois, estendeu o SENHOR a mão, tocou-me na boca e o SENHOR me disse: Eis que ponho na tua boca as minhas palavras.” (Jr. 1:7-9)

Qual deveria ser a essência do trabalho de Jeremias?

1. Ir aonde Deus mandar. Mesmo que não seja o lugar escolhido por mim. Será o melhor. Não sabemos escolher. O Senhor vê o que não vemos. Tem propósitos que muitas vezes desconhecemos. Vá aonde Deus enviar… Não fique telefonando, escrevendo cartas, fazendo contatos, pedindo chamado. Ore… Vá ao escritório de Deus. Fale com Ele. Peça-Lhe humildemente um lugar para servir. Não para trabalhar. Neste espírito, aguarde.

Falta-lhe fé para fazer assim? Pois então, siga os métodos humanos e comprometa-se logo de saída. “Você está aqui porque eu te chamei. Eu te dei oportunidade. Se não fosse eu…”

Seu compromisso deve ser com Deus. Experimente e veja a diferença. Veja o que Ele é capaz de fazer por alguém que Nele confia.

2. “… Tudo quanto eu te mandar falarás…”

Jeremias não deveria dizer o que queria, nem tão pouco o que o povo queria ouvir. Mas Sim, dizer o que Deus lhe dissesse. A autoridade para o trabalho estaria na Palavra de Deus.

Com você, prezado formando, não será diferente. Ao transpor o milênio, rumo à eternidade, não fale as suas palavras, mas as de Deus. Faça da Palavra de Deus as Suas, e as Suas, as de Deus. Esconda-se na Palavra. Ela deverá ser sua espada (Ef. 6:17). Ela é autoritativa. O protestantismo histórico fez desta Palavra sua força e venceu o poder de Roma. Hoje abdica a Palavra e une-se outra vez à Roma. Rejeita a Palavra de Deus para confiar na do homem. É a busca do prestígio humano.

Keely, um palestrante metodista convidado pela Universidade de Andrews no outono de 1982, fez este comentário incrível e perspicaz: “As coisas que mencionei sobre o dízimo, o sábado do sétimo dia, o lava-pés, etc., são as coisas que tornam a Igreja Adventista do 7º Dia singular, distinta e exigente. Dão-lhe garra, persuasão e seriedade. Cada igreja necessita ter sua própria maneira de insistir que ‘você deve viver em conformidade com isto para ser um de nós’. Se você eliminar de uma feita todos os requerimentos, você poderá ter, da noite para o dia, um movimento frágil, pálido e vulgar…”

É apenas um homem falando. Mas tem razão.

Veja o que Deus diz: ” Conjuro-te, perante Deus e Cristo Jesus, que há de julgar vivos e mortos, pela sua manifestação e pelo seu reino: prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta com toda a longanimidade e doutrina. ” (2 Tm. 4:1 e 2)

“Nessas incisivas e fortes palavras, torna-se patente o dever do ministro de Cristo. Ele tem de pregar a palavra, não as opiniões e tradições dos homens, não fábulas aprazíveis ou histórias sensacionais, para mover a imaginação e excitar as emoções…. O ministro deve falar com sinceridade e profunda seriedade, como uma voz vinda de Deus a expor as Sagradas Escrituras.” (EGW. OE, 147)

“Não devem falar suas próprias palavras, mas as que Aquele que é maior que os potentados da Terra lhes pediu que falassem. Sua mensagem tem de ser: “Assim diz o Senhor…” (Idem, 150)

Crer, confiar, viver e ensinar a Palavra de Deus tal como ela é.

A Ezequiel, Deus disse:

“….tu lhes dirás as minhas palavras, quer ouçam quer deixem de ouvir…” (Ezequiel 2:7) ” Eia, pois, vai aos do cativeiro, aos filhos do teu povo, e, quer ouçam quer deixem de ouvir, fala com eles, e dize-lhes: Assim diz o SENHOR Deus.” (Ezequiel 3:11)

Em assim fazendo, Deus carinhosamente disse à Jeremias, o que diz igualmente a você: “Não Temas diante deles…” (v. 8, pp). Em outras palavras, não tenha medo. Ninguém vai lhe queimar. E se o fizerem, Deus o livrará. Se não O livrar, continue não tendo medo. Haja com a firmeza dos 3 jovens hebreus que desafiaram a autoridade de Nabucodonosor, preferindo morrer à transgredir a vontade de Deus.

“Eu Sou contigo para Te livrar…” diz o Senhor. (Jer. 1:8 up.)

Conclusão:

Não há como transpor o milênio, rumo à Eternidade, de outra maneira. Façam-no no nome e na autoridade de Deus. Ele os protegerá. Poderão atravessar o milênio usando recursos humanos, tecnologia, técnicas, regras, mas nunca chegarão à eternidade se não for no nome e na autoridade da Palavra de Deus.

Se quiserem chamar esta postura de fanatismo, será fanatismo. Rebeldia? Sim, mais do que rebeldia. Guerra… aberta e declarada. Pelos princípios do reino, pelos valores eternos. “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” Não tenham medo. A peste que voa de dia não o atingirá. Nem tão pouco o terror noturno. Não serás atingido.

“Neste Deus ponho a minha confiança e nada temerei. Que me pode fazer o homem? (Sal. 56:11;118:6; Heb. 13:6.)

“O mundo necessita de homens. Que não se comprem, nem se vendam. Homens que no íntimo da alma sejam verdadeiros e honestos. Homens que não temam chamar o pecado pelo seu nome exato. Homens, cuja consciência seja tão fiel ao dever como a bússola o é ao pólo; homens que permaneçam firmes pelo que é reto, ainda que caiam os céus.” (EGW, Ed. 57)

Rumo à Eternidade!

1. Indo aonde Deus mandar…
2. Falando o que Ele disser…

“Deus pede homens, que como Natã, Elias e João, apresentem destemidamente Sua mensagem, a despeito das conseqüências; que falem a verdade, embora isso importe no sacrifício de tudo quanto possuam.” (EGW. OE, 150)

Fonte: http://www.iaec2.br/pessoais/jorgemario/sermoes/rumo_a_eternidade.htm