Postagem de Paulo Cordeiro, pastor em Portugal. Ver original no Facebook, de 25 de fevereiro de 2020.

Há uns meses atrás tomei conhecimento da publicação, no Brasil, de uma nova Bíblia – a “Bíblia White”. Pouco tempo depois, um Irmão aqui de Portugal, que tinha adquirido um exemplar dessa Bíblia, deu-me a possibilidade de eu a conhecer por uns dias, e, tanto quanto pude constatar, numa avaliação PARCIAL (porque não andei a comparar TODOS os textos de uma e outra versão), essa “Bíblia White” é uma réplica quase exata de uma outra Bíblia, em língua inglesa, que possuo desde 1 de março de 2009, intitulada “The Study Bible / Presenting The Old and New Testaments and the E. G. White Scripture Comments” (“A Bíblia de Estudo / Apresentando o Antigo e Novo Testamentos e os Comentários Escriturísticos de E. G. White”).

Independentemente dos motivos que tenham levado à publicação dessa “Bíblia White” terem sido corretos ou não – não estou em condições, nem ninguém está, de julgar “os desígnios dos corações” (1 Coríntios 4:5; ARA) dos autores dessa iniciativa – creio que NÃO É CORRETO fazerem-se as críticas que se fizeram e ainda se fazem, contra essa Bíblia – a “Bíblia White”! Afinal de contas é mais uma edição da Palavra de Deus que foi publicada, E ISSO DEVERIA TRAZER-NOS REGOZIJO E NÃO CRÍTICA! Ao criticarmos a Palavra de Deus estamos a agradar a quem?

Quanto aos comentários de Ellen White inseridos nessa Bíblia, ISSO FOI UM CONTRIBUTO EXCELENTE! É possível que tenham havido críticas à publicação da supramencionada Bíblia em versão inglesa com os comentários de EGW? Sim, é possível, mas, pessoalmente, NUNCA tive conhecimento de qualquer crítica à publicação dessa Bíblia em língua inglesa, que, aparentemente, foi publicada por um ministério independente (“Academy Enterprises, Inc.”), mas impressa e distribuída por uma Publicadora oficial adventista (“Review and Herald Publishing Association”). Mas, quanto a esta Bíblia em português… tanto “ruído” que se fez!!!

Houve erros? Passou-se “por cima” de alguém? William Tyndale, Martinho Lutero e outros tradutores de Bíblias em épocas passadas, não terão eles, igualmente, “passado por cima” das respetivas autoridades eclesiásticas do seu tempo? Não se sobrepôs o primado da consciência desses ousados reformadores sobre o direito eclesiástico e as normas e regulamentos em vigência nas suas respetivas épocas?

De uma coisa podem ter a certeza: se essa “Bíblia White” contiver erros, não terá, seguramente, mais erros do que todas as outras versões bíblicas que circulam por aí!

Mais: hoje publicam-se Bíblias, em várias versões, com “tudo e mais alguma coisa” associado a elas (hinários, comentários, estudos bíblicos, material para desbravadores, para anciãos, para pastores, para famílias, para mulheres, para crianças… e a lista é “quase infindável” (e NADA tenho contra todas essas versões!). Mas… por que razão não se poderá publicar, igualmente, uma Bíblia com os comentários de alguém que é, OFICIALMENTE, reconhecido pela Igreja Adventista do Sétimo Dia como tendo sido profetisa?

Um argumento utilizado contra essa “Bíblia White” é de que os autores de tal iniciativa até poderiam ter utilizado os comentários de E. G. White nessa Bíblia, mas nunca terem dado o nome de EGW a essa Bíblia, já que ela, por motivos óbvios, não deu qualquer contributo no preparo e produção da publicação. Bom, contra factos não há argumentos: Ellen White, por motivos BEM ÓBVIOS, não deu, efetivamente, o seu contributo DIRETO a essa Bíblia! Mas, pergunto: instituições oficiais da Igreja também erraram ao dar o nome de “Bíblia de Estudo Andrews” a uma Bíblia publicada recentemente (em 2010, em inglês, e em 2015, em português), já que ele – o pioneiro da IASD, John Andrews – por motivos óbvios, não deu qualquer contributo no preparo e produção da publicação dessa “Bíblia de Estudo Andrews”?

Por favor, Irmãos: haja UM MÍNIMO de bom senso e coerência nas observações, e sobretudo nas críticas que fazemos! E sobretudo lembremo-nos deste sábio conselho bíblico:

“Alguns, efetivamente, proclamam a Cristo por inveja e porfia; outros, porém, o fazem de boa vontade; estes, por amor, sabendo que estou incumbido da defesa do evangelho; aqueles, contudo, pregam a Cristo, por discórdia, insinceramente, julgando suscitar tribulação às minhas cadeias. Todavia, que importa? Uma vez que Cristo, de qualquer modo, está sendo pregado, quer por pretexto, quer por verdade, também com isto me regozijo, sim, sempre me regozijarei.” (Filipenses 1:15-18; ARA).

Não nos preocupemos com as motivações que estão ou podem estar por detrás desta e de outras iniciativas, pois isso não é da nossa competência, é, isso sim, da COMPETÊNCIA DIVINA, pois somente Deus é “conhecedor do coração de todos os filhos dos homens” (1 Reis 8:39; ARA), e, por isso mesmo, “cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus” (Romanos 14:12; ARC).

Muito sinceramente, INCOMODA-ME GRANDEMENTE este espírito que tenta controlar “tudo e todos”! Mesmo que algum Irmão ou Irmã, no seu zelo de querer fazer o seu melhor pela Causa de Deus, possa cometer algum erro ou ter alguma falha, NÃO O CRITIQUEMOS demasiadamente, sob pena de estarmos a desencorajar o mesmo de continuar a fazer o seu trabalho para Deus!

E da mesma forma que me incomoda ver líderes a criticarem o trabalho dos seus irmãos leigos, TAMBÉM me incomoda ver irmãos leigos que parecem não ter o mínimo de confiança nos líderes de Igreja devidamente eleitos! Se os líderes errarem, deixem-nos errar! A QUEM é que os líderes têm que prestar contas? AO MESMO DEUS a quem vocês TAMBÉM TÊM QUE PRESTAR CONTAS! Daí o apóstolo Paulo ter escrito isto: “Mas tu, por que julgas o teu irmão? Ou tu, também, por que desprezas o teu irmão? Pois, TODOS havemos de comparecer ante o tribunal de Cristo.” (Romanos 14:10; ARC; minha ênfase em maiúsculas). Acaso a fé de algum Irmão ou Irmã está dependente de algum líder espiritual? Olhem, EU NUNCA QUIS NEM QUERO que a fé de quem quer que seja esteja dependente de mim! Se esse é o caso, então, POR FAVOR, MEDITE BEM, E LONGAMENTE, nestas palavras inspiradas: “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne mortal o seu braço e aparta o seu coração do Senhor!” (Jeremias 17:5; ARA).

Tenhamos o mesmo espírito que houve no apóstolo Paulo – que SE REGOZIJAVA COM TODOS OS QUE CONTRIBUÍAM PARA A PREGAÇÃO DE CRISTO, INDEPENDENTEMENTE de o fazerem “por pretexto” ou “por verdade”!