A Bíblia ensina que, nos últimos dias, ventos de doutrinas surgiriam, os quais trabalhariam para minimizar ou mesmo destruir a fé que um dia foi dada aos santos.

Andréa Amaral é Médica Ginecologista e Naturopata em Ipanema, MG.

Colin Standish: A Divindade (Trindade)

Muitos adventistas do sétimo dia devotos opõem-se corretamente à doutrina católico-romana da Trindade. Entretanto, em seu zelo por demonstrar seu aborrecimento à doutrina papal, eles têm assumido a visão não-escriturística de que Cristo foi uma emanação [ou derivação] do Pai em algum tempo passado, nas eras da eternidade, e que o Espírito Santo é uma força, e não uma pessoa.

Cremos que, a fim de evitar má compreensão, o termo Bíblico “Divindade”, ao invés do termo não-bíblico “Trindade”, deva ser usado para expressar a relação entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

“E, tomando-o, o levaram ao Areópago, dizendo: Poderemos nós saber que nova doutrina é essa de que falas?” Atos 17:19

“Porque as suas coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto o seu eterno poder como a sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis.”  Romanos 1:20

“Pois Nele habita toda a plenitude da Divindade corporeamente.” Colossenses 2:9

O Termo “Trindade” não é encontrado em lugar algum nas Escrituras, nem no Espírito de Profecia. O texto a seguir são contos históricos acerca da disputa sobre o assunto da Divindade no quarto século. (Arianismo é a visão de que Cristo não é Deus, mas é o mais alto ser criado).

“A unidade da qual se orgulhava o Romanismo foi gloriosamente mostrada pelos diversificados concílios e confissões do quarto século. O Papa, naquela ocasião, como também em outras, eclipsou o Protestantismo, criando credos. Quarenta e cinco concílios, diz Jorotin, ocorreram no quarto século. Desses, treze foram contra o Arianismo, quinze foram por essa heresia, e dezessete foram por Semi-Arianismo. As estradas eram esbarrotadas de Bispos aglomerando-se para os sínodos, e as despesas de viagem, as quais eram custeadas pelo imperador, exauriam os fundos públicos. Essas exibições se tornavam o escárnio dos pagãos, os quais se divertiam ao contemplar os homens que, desde a infância, tinham sido educados no Cristianismo, e designados a instruírem outros naquela religião, apressando-se daquela maneira, indo a lugares distantes e a convenções com o objetivo de verificarem sua fé.” Edgar, As Mudanças de Papa, pg. 309, citado por Benjamim G. Wilkinson em Verdade Triunfante, pg. 91.

 

A pergunta geral das décadas que sucederam o Concílio de Niceia era como estabelecer as relações das três pessoas da Divindade: o Pai, o Filho, e o Espírito Santo. O Concílio decidira, e o papado apropriara-se da decisão como sendo sua. As personalidades da Trindade não eram confundidas, e a substância não era dividida. O clero de Roma alegava que o cristianismo tinha encontrado na palavra grega homoousios (em português, “consubstancialmente”) um termo apropriado para expressar essa relação.

Então, o partido papal passou a chamar de arianos todos aqueles que não aceitavam esse ensinamento, enquanto tomaram para si o título de trinitarianos. Uma errônea acusação começou a circular, de que todos os que eram chamados de arianos acreditavam que Cristo era um ser criado. Isso gerou indignação naqueles que não eram culpados dessa acusação.

Patrick [da Irlanda] foi um espectador de muitas dessas assembleias conflitantes. Será interessante, a fim de compreendermos corretamente a situação dele, examinar por um momento essa palavra, esse termo, que dividiu tanto uma igreja e levou muitos sinceros cristãos a serem queimados na estaca. Em inglês a palavra é “consubstancial”, dando a entender que mais de uma pessoa herda a mesma substância sem divisão ou separação. O termo original grego é homoousios, de homos, que quer dizer “idêntico”; e ousia, a palavra para “ser”.

Entretanto, surgiu um grande problema, já que existem dois termos gregos de fama histórica. O primeiro, homos, que significa “idêntico”, e o segundo, homoios, que quer dizer “similar” ou “semelhante a”, tinham ambos uma história tempestuosa. A ortografia dessas palavras é muito semelhante. A diferença no significado, quando aplicado à Divindade, é totalmente confusa aos crentes sinceros. Todavia, aqueles que pensassem em termos de homoiousia, ou “semelhante”, em vez de homoousia, ou “idêntico”, eram prontamente rotulados pelo clero como heréticos e arianos. Entretanto, quando o imperador Constantino, em assembleia geral do Concílio de Niceia, perguntou a Hosius, o bispo presidente, qual a diferença entre os dois termos, Hosius replicou que eles eram semelhantes. Com isso, todos, menos uns poucos bispos, caíram em gargalhadas e brincaram com o bispo presidente, acusando-o de heresia.

Enquanto livros e mais livros foram escritos nos séculos passados sobre este problema, seria deslocado discuti-lo aqui. Contudo, ele teve tamanho efeito sobre outras doutrinas relativas ao plano da salvação e sobre visíveis atos de adoração, que foi criado um abismo entre o papado e as instituições da igreja que Patrick fundou na Irlanda.

“Embora Patrick fosse tudo, menos um ariano, ele deixou de concordar com a ideia de ‘mesma substância’ encontrada na palavra ‘consubstancial’ ou homoousia. Em geral, quando surge uma violenta controvérsia, existem três partidos. Nessa situação, havia os dois extremos ‒ o papado e os arianos ‒, e o terceiro partido foi o do meio, crentes cujo ponto de vista era o mesmo de Patrick. Segundo o Dr. J. H. Todd, a respeito da palavra homoousia ‒ a palavra-teste da hierarquia papal ‒, ao comentar as crenças de Patrick, disse: ‘Essa confissão de fé certamente não é homoousiana’. Outro fato que verifica essa oposição das igrejas britânicas às extremas especulações do Concílio de Niceia, com respeito à Trindade, é a história do Concílio de Rimini, em 359, ocorrido aproximadamente no período do nascimento de Patrick. Esse parece ter sido o último concílio da igreja frequentado por delegados celtas da igreja britânica antes da retirada das legiões de Roma em 410, e foi seguido pela inundação da Inglaterra pelos pagãos anglo-saxões. Esse Concílio de Rimini lançou decretos denunciando e rejeitando as conclusões do Concílio de Niceia referentes à Trindade. O papa de Roma tinha recentemente assinado decretos similares no Concílio de Sirmium. Ninguém vai acusar os evangélicos por recuarem da visão papal da Trindade, quando a história mostra que a visão deles era forte o bastante para fazer com que dois papas assinassem decretos contrários à política do papado referente a Niceia.” Benjamim Wilkinson, Verdade Triunfante, pg. 91

Os adventistas do sétimo dia rejeitam o conceito da Divindade homoousiana. A Igreja Católica decidiu que a Divindade era uma substância e uma personalidade indivisível. Isso não é adventismo do sétimo dia e nem é, mais importante ainda, bíblico. Nem o Pai, nem o Espírito Santo foram parte de Cristo em Sua humanidade. Nem O foram antes da encarnação.

Além disso, rejeitamos também a visão católica da Divindade por outras razões:

  1. A Igreja Católica Romana pinta um retrato do Pai como sendo tão agressivo e punitivo, que temos que pedir as súplicas de uma dócil mulher, Maria, para desviar de nós Sua ira. Mas as Escrituras ensinam que “Deus é Amor” (1 João 4:8).
  2. A Igreja Católica desfaz Cristo como nosso Mediador (1 Timóteo 2:5), substituindo-O por Maria, os santos e os sacerdotes para executarem a função. Ela também alega que os padres podem criar Cristo.
  3. A Igreja Católica Romana destrói a função do Espírito Santo como nosso guia em toda a verdade (João 16:13). O “infalível” papa guia os fiéis em toda a “verdade”.

Assim, rejeitamos completamente o conceito católico romano da Divindade e preferimos não usar o seu termo “Trindade”. Mas essa rejeição não nos convida a denegrir a Pessoa do Espírito Santo, ou a completa Divindade de nosso Salvador. As claras palavras das Escrituras e do Espírito de Profecia exigem que não caiamos nesses erros.

Muito da agressividade dos debates acerca da pessoa do Espírito Santo gira em torno da questão de se 1 João 5:7 foi inserido na Bíblia, ou se é parte do texto original escrito pelo apóstolo João. O debate foi acirrado no tempo da Reforma, com alguns dos reformadores apoiando a autenticidade desse verso, e outros negando o valor de seu lugar no cânon escriturístico.

“Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra e o Espírito Santo; e estes três são um.” 1 João 5:7.

O debate ocorre, pois muitos manuscritos gregos não contêm a passagem. Isso tem levado a duas interpretações diferentes. Por um lado, muitos têm alegado que ela é uma inserção que tem insinuações católico-romanas, e que foi adicionada ao cânon das Escrituras para fortalecer o conceito da Trindade. Contrários a esse argumento, os que apoiam a autenticidade de 1 João 5:7 têm acentuado que houve muitos acréscimos, retiradas e modificações durante os três primeiros séculos da era cristã por aqueles que tentaram negar doutrinas tais como a existência eterna de Cristo e da Divindade. Este debate não será resolvido para a satisfação de todos, contudo há muita evidência primitiva da existência de I João 5:7 nos escritos dos primeiros pais da igreja.

Em seu abrangente livro, Uma História do Debate sobre I João 5:7, 8, Michael Maynard cita a evidência do segundo século. Por exemplo, Teófilo, Bispo de Antioquia, por volta de 168 d.C., usou a palavra “Trindade” em sua carta a Autolicus (Maynard, pg. 37). Isso tem um particular significado devido ao fato de que foi a igreja em Antioquia que protegeu tão fortemente a integridade dos escritos do Novo Testamento das corrupções e modificações que se sabe terem sido feitas pelos escolásticos ocidentais da Escola de Teologia de Alexandria. Em sua apologia apresentada ao imperador Romano, por volta de 177 d.C., Atenágoras escreveu o seguinte:

“Quem, então, não se envergonha de ouvir homens falarem de Deus o Pai, e Deus o Filho, e do Espírito Santo; e quem declara haver união tanto entre Seus poderes como entre sua distinção em ordem é chamado de ateu.” Citado em Ibid. dos Pais Anti-Nicenos. Maynard lança citações de todos os séculos subsequentes que confirmam a continuidade da crença na autenticidade de 1 João 5:7.

Aludindo claramente a I João 5:7, Sipriano escreveu: Diz o Senhor: “Eu e o Pai somos um”. “E semelhantemente isso é escrito do Pai, e do Filho e do Espírito Santo”. “E esses três são um”. Ibidem.

Entretanto, a autenticidade da pessoa de todos os membros da Divindade não depende de um único texto das Escrituras. Exploraremos um pouco alguns outros textos. Já citamos muitos outros. A forte objeção à doutrina da Trindade, expressa por muitos protestantes no tempo da Reforma, e até em nossos dias, centraliza-se no fato de que essa compreensão é vista como tendo origem no paganismo. Não há dúvidas de que os babilônios sustentavam o conceito de uma trindade, e em torno desse conceito eles desenvolveram muitas crenças e práticas místicas. Deste paganismo, os egípcios desenvolveram o trio de deidades – Horus, Isis e Set, o qual foi incorporado dentro da fé católico-romana quando o paganismo fluiu para dentro da igreja cristã primitiva. Isso levou a Igreja Católica Romana a dar continuidade aos mistérios da Trindade sem considerar seu fundamento no paganismo. Mas o paralelo entre o paganismo e o catolicismo romano não é evidência suficiente para negar a Trindade do cristianismo.

Muitas verdades foram falsificadas por Satanás no paganismo primitivo. Por exemplo, Deus ordenou um dia de repouso – o sétimo dia da semana. Ordenando entre os pagãos o primeiro dia da semana como dia de adoração e repouso, Satanás fez a contrafação desse mandamento de Deus. Seria loucura negar a santidade do sábado simplesmente porque a Igreja Católica Romana adotou o falso sábado dos pagãos. Além disso, o cristianismo foi estabelecido quando Cristo nasceu de Maria; porém, dois mil anos antes do nascimento de Jesus, Satanás falsificou essa relação mãe-Filho na religião pagã com a introdução da Madona e o menino. É interessante notar que a Igreja Católica Romana incorporou todas essas três contrafações em seus serviços religiosos – nominalmente Trindade, Madona e Menino. Como a palavra “Trindade” não é usada nas Escrituras, parece sábio parar com o seu uso a fim de evitar confusão, devendo-se escolher o termo “Divindade”, para que a distinção entre o misticismo da Trindade e a autenticidade da Divindade seja enfatizada.

A compreensão protestante da Divindade é diretamente oposta à da Igreja Católica Romana. Como já afirmamos anteriormente, os católicos creem num Pai celestial que é tão inclinado à raiva e tão vingativo que isso requer a doce natureza feminina para acalmar Seu espírito e Sua ira. Os protestantes, por outro lado, creem em um Pai celestial que é amor, tão terno e amoroso, como é representado por Seu Filho, Cristo.

Os católicos romanos acreditam em um Cristo que pode ser criado por padres, mesmo padres maus, e cuja obra de mediação é empreendida por santos mortos e sacerdotes. Os protestantes adotam a representação bíblica de Cristo como sendo Eterno, sendo também nosso único Mediador.

A Igreja Católica Romana usurpa a obra do Espírito Santo como o único que nos conduz a toda a verdade, e adota a visão de que o papa e os concílios da igreja possuem esta função. Quão diferentes são as duas posições! Que um protestante nunca creia que sua visão da Divindade é semelhante à visão católico-romana da Trindade.

Não há dúvidas de que a maioria dos pioneiros adventistas do sétimo dia foram unitaristas [Unicistas]. Mas nós descobrimos que, para a surpresa de muitos em nosso povo, a irmã White rejeitou esse conceito não-escriturístico e sustentou o conceito de uma Divindade de três pessoas.

Não se pode negar que muitos dos primeiros pioneiros da Igreja Adventista do Sétimo Dia eram antitrinitarianos, incluindo Tiago White, Urias Smith e J.H. Waggoner. Apesar de não podermos ignorar a contribuição dos pioneiros, devemos repousar nossas evidências sobre a Bíblia e o Espírito de Profecia.

Parece que o Senhor viu que o tempo para a iluminação dos pioneiros sobre a questão da Divindade não deveria ser até os últimos anos da profetisa. Essa luz veio a Ellen White na década de 1890. Quando surgiu tal luz, os crentes ficaram chocados e cheios de consternação. Como declarou o Dr. Maxwell:

“Sua declaração em Desejado de Todas as Nações, pg. 530, ‘Em Cristo havia vida, original, não emprestada, não derivada’, gerou consternação na década de 1890, mas atiçou o adventismo efetivamente rumo à apreciação de um conceito de Trinitarianismo”. Dr. M. Maxwell, O Santuário e a Expiação, pg. 532.

Semelhantemente declarou o Dr. M. L. Andreassen: “Lembro-me de quão atônito fiquei quando foi publicado pela primeira vez O Desejado das Nações, pois ele continha algumas coisas que nós críamos serem inacreditáveis; entre outras coisas, a doutrina da Trindade, que não era geralmente aceita pelo adventismo de então”.

Andreassen era da opinião de que os escritos de Ellen White haviam sido adulterados, então ele requisitou acesso aos documentos manuscritos originais dela. Disse ele: “Eu estava particularmente interessado na declaração de O Desejado das Nações que, por um momento, causou grande preocupação à teologia denominacional: ‘Em Cristo a vida é original, não emprestada e não derivada’, pg. 530. Essa declaração pode não parecer muito revolucionária para você, mas para nós ela foi. Dificilmente poderíamos crer nela… Eu estava certo de que Ellen White nunca escrevera [isso]… Mas agora eu encontrei [a declaração] na própria caligrafia dela, exatamente como fora publicada. E assim foi com outras declarações. Quando as checava, descobria que eram expressões da própria irmã White”. Chapel Address, Loma Linda, 30 de Nov. de 1948.

Parece que os pioneiros, não tendo uma clara percepção da Divindade, compreenderam errado Sua natureza. Eles também tiveram problemas em entender o que constitui uma pessoa. O Pastor R. F. Cottrell escreveu em 1869: “Que uma pessoa é três pessoas, e que três pessoas são somente uma pessoa é a doutrina que nós professamos ser contrária à razão e ao senso comum.” Review and Herald, 6 de Julho de 1869.

Como nós todos agora bem sabemos, a Divindade sempre envolveu três pessoas em uma Divindade, mas nunca três pessoas em uma pessoa.

O Espírito Santo ‒ uma Pessoa Divina

Examinemos a dimensão do ministério do Espírito Santo, que somente um ser pessoal poderia realizar.

(1) O Espírito Santo possui uma mente. “E aquele que examina os corações sabe qual é a mente do Espírito; porque ele faz intercessão pelos santos, segundo a vontade de Deus.” Rm. 8:27.

(2) O Espírito Santo conhece as profundezas de Deus. “Mas Deus no-las revelou pelo seu Espírito; porque o Espírito penetra todas as coisas, sim, as profundas coisas de Deus. Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus.”  1 Co. 2:10,11.

(3) O Espírito Santo pode conduzir. “Então, foi conduzido Jesus pelo Espírito ao deserto, para ser tentado pelo diabo.” Mateus 4:1.

(4) O Espírito Santo ama. “E rogo-vos, irmãos, por nosso Senhor Jesus Cristo e pelo amor do Espírito, que combatais comigo nas vossas orações, por mim, a Deus.” Rm 15:30.

(5) O Espírito Santo pode criar. “O Espírito de Deus me fez; e o fôlego do Todo-Poderoso me deu vida.” Jó 33: 4.

(6) O Espírito Santo é chamado de Senhor. “Ora, o Senhor é Espírito; e onde está o Espírito do Senhor, aí há liberdade.” 2 Coríntios 3:17.

(7) O Espírito Santo fala. “E disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro.” Atos 8:29. “Mas o Espírito expressamente diz que, nos últimos tempos, apostatarão alguns da fé, dando ouvidos a espíritos enganadores e a doutrinas de demônios.” 1 Timóteo 4:1. “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Apocalipse 2:29.

(8) O Espírito Santo guia. “Mas, quando vier aquele Espírito da verdade, ele vos guiará em toda a verdade, porque não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que tiver ouvido e vos anunciará o que há de vir.” João 16:13.

(9) O Espírito Santo ouve. (veja o verso de João 16:13 acima).

(10) O Espírito Santo consola. “E eu rogarei ao Pai, e Ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre. João 14:16.

(11) O Espírito Santo ordena. “E ordenou-me o Espírito que fosse com eles, nada duvidando; e também estes seis irmãos foram comigo, e entramos em casa daquele varão.” Atos 11:12.

(12) O Espírito Santo proíbe. “E, passando pela Frígia e pela província da Galácia, foram proibidos pelo Espírito Santo de anunciar a palavra na Ásia. E, quando chegaram a Mísia, intentavam ir para Bitínia, mas o Espírito não lho permitiu.” Atos 16: 6, 7.

(13) O Espírito Santo testifica. “O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus.” Romanos 8:16. “Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.” 1 João 5:6.

(14) O Espírito Santo profetiza. “Indagando que tempo ou que ocasião de tempo o Espírito de Cristo, que estava neles, indicava, anteriormente testificando os sofrimentos que a Cristo haviam de vir e a glória que se lhes havia de seguir.” 1 Pedro 1:11.

(15) O Espírito Santo intercede pela humanidade. “E da mesma maneira também o Espírito ajuda em nossas fraquezas; porque não sabemos o que havemos de pedir como convém, mas o próprio Espírito intercede por nós com gemidos inexprimíveis.” Romanos 8:26.

(16) O Espírito Santo doa dádivas de talentos espirituais. “Ora, há diversidade de dons, mas o Espírito é o mesmo. E há diversidade de ministérios, mas o Senhor é o mesmo. E há diversidade de operações, mas é o mesmo Deus que opera tudo em todos. Mas a manifestação do Espírito é dada a cada um para o que for útil.” 1 Coríntios 12:4-7.

(17) O Espírito Santo pode ser ofendido. “E não ofendais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” Efésios 4:30.

(18) O Espírito Santo ensina. “Porque na mesma hora vos ensinará o Espírito Santo o que vos convenha falar.” Lucas 12:12.

(19) O Espírito Santo convida homens ao reino dos Céus. “E o Espírito e a esposa dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida.” Apocalipse 22:17.

(20) O Espírito Santo pode ser blasfemado. “Portanto, eu vos digo: todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens.” Mateus12:31.

(21) O Espírito Santo pode ser irritado. “Mas eles foram rebeldes e irritaram o seu Espírito Santo; pelo que se lhes tornou em inimigo e ele mesmo pelejou contra eles.” Isaías 63:10.

(22) Seres humanos podem mentir para o Espírito Santo. “Disse, então, Pedro: Ananias, por que encheu Satanás o teu coração, para que mentisses ao Espírito Santo e retivesses parte do preço da herdade?” Atos 5:3.

(23) O Espírito Santo é chamado Deus. “Guardando-a, não ficava para ti? E, vendida, não estava em teu poder? Por que formaste este desígnio em teu coração? Não mentiste aos homens, mas a Deus.” Atos 5:4.

(24) Seres humanos podem tentar o Espírito Santo. “Então, Pedro lhe disse: Por que é que entre vós vos concertastes para tentar o Espírito do Senhor?” Atos 5:9.

(25) O Espírito Santo pode ser desagradado. “De quanto maior castigo cuidais vós será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o sangue do testamento, com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da graça?” Hebreus 10:29.

(26) O Espírito Santo determina quem será ordenado ao ministério de Deus. “E, servindo eles ao Senhor e jejuando, disse o Espírito Santo: Apartai-me a Barnabé e a Saulo para a obra a que os tenho chamado.” Atos 13:2.

(27) O Espírito Santo possui uma vontade. “Mas um só e o mesmo Espírito opera todas essas coisas, repartindo particularmente a cada um como quer.” 1 Coríntios 12:11.

(28) O Espírito Santo envia adiante obreiros de Deus. “E assim estes, enviados pelo Espírito Santo, desceram a Selêucia e dali navegaram para Chipre.” Atos 13:4.

(29) O Espírito Santo toma decisões. “Na verdade, pareceu bem ao Espírito Santo, e a nós, não vos impor mais encargo algum, senão estas coisas necessárias.” Atos 15:28.

(30) O Espírito Santo revela. “A não ser o que o Espírito Santo, de cidade em cidade, me revela, dizendo que me esperam prisões e tribulações.” Atos 20:23.

(31) O Espírito Santo escolhe supervisores. “Olhai, pois, por vós e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu supervisores (bispos), para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue.” Atos 20:28.

(32) O Espírito Santo santifica. “Que eu seja ministro de Jesus Cristo entre os gentios, ministrando o evangelho de Deus, para que seja agradável a oferta dos gentios, santificada pelo Espírito Santo.” Romanos 15:16.

(33) O Espírito Santo comunga com o homem. “A graça do Senhor Jesus Cristo, e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo sejam com vós todos. Amém!” 2 Coríntios 13:14.

(34) O ser humano pode falar contra o Espírito Santo. “E, se qualquer disser alguma palavra contra o Filho do Homem, ser-lhe-á perdoado, mas, se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será perdoado, nem neste século nem no futuro.” Mateus 12:32.

(35) O Espírito Santo convence. “E, quando ele vier, convencerá o mundo do pecado, e da justiça, e do juízo.” João 16:8.

(36) O Espírito Santo instrui. “E deste o teu bom Espírito, para os instruir; e o teu maná não retiraste da sua boca; e água lhes deste na sua sede.” Neemias 9:20.

(37) O Espírito Santo perscruta. “Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão o Espírito de Deus. Mas nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.” 1 Coríntios 2:11,12.

(38) O Espírito Santo luta. Então, disse o SENHOR: Não lutará o meu Espírito para sempre com o homem, porque ele também é carne; porém os seus dias serão cento e vinte anos.” Gênesis 6:3.

(39) O Espírito Santo sela o crente. “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais selados para o dia da redenção.” Efésios 4:30.

(40) O Espírito Santo é uma dádiva para aqueles que pedem. “Pois, se vós, sendo maus, sabeis dar boas dádivas aos vossos filhos, quanto mais dará o Pai celestial o Espírito Santo àqueles que lho pedirem?” Lucas 11:13.

Essa revisão do ministério do Espírito Santo não pode levar-nos a outra conclusão senão a de que Ele é um distinto ser da Divindade. Dentro dos limites da experiência finita nós não podemos compreender a plenitude do Espírito Santo mais do que podemos compreender completamente o Pai ou o Filho. Devemos reconhecê-Lo como a terceira pessoa da Divindade. Uma coisa é certa, não devemos ir além da Palavra de Deus, fazendo especulações e teorias humanas.

Alguns, sem um claro “assim diz o Senhor”, têm argumentado que as Escrituras declaram que Cristo está à direita do Pai, ao passo que não há menção alguma sobre o Espírito Santo. Mas o contexto de cada referência como essa indica o relacionamento de Cristo com o Pai. Lembre, a língua hebraica tem poucas palavras abstratas, portanto, os homens que escreveram em hebraico usaram palavras concretas para expressar conceitos abstratos. Apesar de o Novo Testamento ter sido escrito em grego, a mentalidade hebraica continuou no uso do grego pelos apóstolos. Estar à direita do Pai expressa a verdade que ninguém se põe, em importância e poder, entre Cristo e o Pai. Esses textos não tratam do tema da Divindade. Aqui estão alguns exemplos:

“O qual, sendo o resplendor da sua glória, e a expressa imagem da sua pessoa, e sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder, havendo feito por si mesmo a purificação dos nossos pecados, assentou-se à destra da Majestade, nas alturas.” Hebreus 1:3.

“Mas ele, estando cheio do Espírito Santo e fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do homem, que está em pé à mão direita de Deus.” Atos 7:55, 56.

Muitas aberrações são testemunhadas hoje no tocante ao que se compreende acerca do Espírito Santo. Há aqueles que proclamam que o Espírito Santo é feminino, ou seja, é o Deus mãe, mas nós devemos rejeitar esta ideia descontrolada, porque não há a mais leve evidência nas Escrituras para apoiá-la. O fato de que o Espírito Santo cobriu Maria na conceição de Jesus Cristo é certamente prova positiva de que Ele não poderia ser corretamente representado como sendo do gênero feminino.

Há os que têm ido mais longe, pois proclamam que a Divindade possui quatro membros – o quarto é Deus filha. Eles declaram estar completando a divina família. Porém, uma vez mais, tal especulação não está enraizada e nem fundamentada nas palavras da Escritura Sagrada e, portanto, deve ser decididamente rejeitada.

Quando contemplamos o ministério do Espírito Santo como representante de Cristo em favor da raça humana, nos é garantido que a todo ser humano tem sido feito um convite especial para a vida eterna, a qual é fornecida através da morte e do ministério sumo-sacerdotal de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo. É o poder do Espírito Santo que inspira homens e mulheres a renderem suas vontades a Jesus e a compartilharem o evangelho da salvação com outros membros da raça humana. Será sob o grandioso poder disponibilizado pelo Espírito Santo que as testemunhas fiéis de Deus levarão o evangelho eterno de Apocalipse 14:6-12 a toda nação, e tribo, e língua, e povo. Acima de tudo, quando contemplamos o ministério da Divindade, vemos que o poder infinito do Céu foi disponibilizado para a salvação da raça humana. Nós não podemos “negligenciar tão grande salvação” (Hebreus 2:3).

O Espírito de Profecia certamente não silencia quanto a este assunto. A despeito da posição tomada por muitos dos primeiros líderes e pastores da Igreja Adventista do Sétimo Dia, a irmã White infalivelmente correspondeu ao testemunho das Escrituras Sagradas:

“Não precisamos considerar que o Espírito Santo, que é uma pessoa tanto quanto Deus é uma pessoa, está andando através desses jardins.” Manuscrito 66, 1899; de uma palestra aos estudantes na Escola de Avondale.

“O Espírito Santo possui uma personalidade, de outra forma Ele não poderia testemunhar aos nossos espíritos que somos filhos de Deus. Ele também deve ser uma pessoa divina, de outra forma Ele não poderia perscrutar os segredos que estão ocultos na mente de Deus. Pois qual homem conhece as coisas de um homem, salvo o espírito de homem que está nele? Dessa forma nenhum homem conhece as coisas de Deus, além do Espírito de Deus”. Manuscrito 20, 1906.

“O Espírito Santo é uma pessoa, pois Ele testemunha com nossos espíritos de que somos filhos de Deus. Quando surge esse testemunho, ele traz consigo sua própria evidência. Em tais momentos cremos e estamos certos de que somos os filhos de Deus.” Ibid.

“Cumpre-nos cooperar com os três poderes mais altos no Céu – o Pai, o Filho e o Espírito Santo – e esses poderes atuarão por nosso intermédio, fazendo-nos coobreiros de Deus.” Evangelismo, 617.

“Os eternos dignitários celestes – Deus, Cristo e o Espírito Santo – munindo-os [aos discípulos] de energia sobre-humana, … avançariam com eles para a obra e convenceriam o mundo do pecado.” Evangelismo, 616.

“O Pai, o Filho, e o Espírito Santo, os três santos dignitários do Céu, declararam que Eles fortalecerão homens a vencerem os poderes das trevas.” Comentário Bíblico, vol. 5, pg. 1110.

No nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, o homem é mergulhado em sua sepultura de água, morto com Cristo no batismo, e ressuscitado da água para viver uma nova vida de lealdade a Deus. Os três grandes poderes no Céu são testemunhas; Eles estão invisíveis, porém presentes.

“… O trabalho é apresentado a toda alma que tem admitido sua fé em Jesus Cristo pelo batismo, e se tornou um receptáculo do penhor das três pessoas – o Pai, o Filho, e o Espírito Santo.” Ibidem, vol. 6, pg. 1074.

“O príncipe da potestade do mal só pode ser mantido em sujeição pelo poder de Deus na terceira pessoa da Divindade, o Espírito Santo.” Evangelismo, 617.

“Ao pecado só se poderia resistir e vencer por meio da poderosa operação da terceira pessoa da Divindade, a qual viria, não com energia modificada, mas na plenitude do divino poder.” O Desejado de Todas as Nações, pg. 671.

“O mal se vinha acumulando por séculos e só poderia ser restringido e resistido pelo eficaz poder do Espírito Santo, a terceira pessoa da Divindade, que viria com não modificada energia, mas na plenitude do poder divino.” Testemunho para Ministros, pg. 392.

“Ele [Cristo] determinou dar Seu representante, a terceira pessoa da Divindade. Esse dom não poderia ser mais excelente.” Minha Consagração Hoje, pg. 36.

“A Divindade moveu-se de compaixão pela raça, e o Pai, o Filho e o Espírito Santo deram-Se a Si mesmos ao estabelecerem o plano da redenção.” Conselhos Sobre Saúde, pg. 222.

“O Espírito Santo é o representante de Cristo, mas despojado da personalidade humana, e dela independente. Limitado pela humanidade, Cristo não poderia estar em toda parte em pessoa. Era, portanto, do interesse deles que fosse para o Pai, e enviasse o Espírito como Seu sucessor na Terra.” Desejado de Todas as Nações, pg. 669.

Que todo adventista do sétimo dia possa unir-se sobre esta mais crítica verdade.

Jesus ‒ o Adorável e Eterno EU SOU

Na magnífica introdução ao seu evangelho, o apóstolo João claramente abordou alguns dos conceitos desviados que circulam dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia hoje concernentes a Cristo. Ele estava determinado a não deixar dúvidas de que Cristo foi totalmente divino por um lado, e plenamente humano por outro. Perceba sua poderosa elucidação da divindade de Cristo:

“No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez. Nele, estava a vida e a vida era a luz dos homens.” João 1:1-4.

Com semelhante ênfase, João também declara a humanidade do Cristo encarnado: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a Sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade.” João 1:14.

João tinha sido o discípulo mais próximo de Jesus, e quando ele começou sua biografia da vida de seu Mestre, ele desejava dissipar todos os falsos conceitos que foram então propostos por diferentes grupos dentro da igreja cristã. Entre os propagadores de tais erros estavam os gnósticos, os quais criam que Jesus não possuía uma pré-existência antes de Sua encarnação e, assim, Ele não era eterno com o Pai. Havia outros que acreditavam que de alguma forma incrível, nas eras remotas do passado, Cristo tinha emanado do Pai. Enquanto outros ainda alegavam que Cristo era um ser criado.

Muito da incerteza sobre quem é Cristo vem do uso da palavra “Unigênito”. No Novo Testamento, duas palavras gregas são traduzidas como “unigênito” ou “gerado”: (1) Monogenes (João 1:14, 18; 3:16, 18; Hebreus 11:17; 1 João 4:9) e (2) Gennao (Atos 13:33; I Coríntios 4:15; Filemom 10; Hebreus 1:5; 5:5; 1 João 5:1, 18). Essas palavras têm significados distintos no grego. Monogenes significa único nascido ou exclusivo. É um derivado de monos, que quer dizer único, singular, sozinho. Gennao quer dizer dar à luz, nascer, gerar, conceber, ser liberto de. Nota-se que monogenes bem poderia ser traduzido apropriadamente por único ou exclusivo. O nome “Filho de Deus” não implica na interpretação de que, em algum momento, nas eras do passado, Jesus emanou do Pai. De fato, a palavra gennao não é usada, em lugar algum na Bíblia, para tratar da pré-existência de Cristo.

A palavra grega monos é a raiz para um grande número de palavras do português, incluindo monocromático, que quer dizer uma só cor; monociclo, que quer dizer uma bicicleta de uma só roda; monólogo, uma conversa de uma só pessoa; monossílaba, uma palavra de uma só sílaba. A palavra grega, algumas vezes traduzida por “unigênito”, simplesmente significa que Cristo foi o único Filho de Deus; não houve outro. Não há um significado místico para a palavra “unigênito” quando se refere a Jesus. Na verdade, em muitos textos, a palavra monogenes é simplesmente traduzida como “único”. Nos textos abaixo, todos os grifos são nossos:

“E, quando chegou perto da porta da cidade, eis que levavam um defunto, filho único de sua mãe, que era viúva; e com ela ia uma grande multidão da cidade.” Lucas 7:12. “Porque tinha uma filha única, quase de doze anos, que estava à morte. E, indo ele, apertava-o a multidão.” Lucas 8:42. “E eis que um homem da multidão clamou, dizendo, Mestre, peço-te que olhes para meu filho, porque é o único que eu tenho.” Lucas 9:38.

Desta forma, por exemplo, João 3:16 poderia ser corretamente traduzido assim: “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o Seu único Filho”. Não há conotação na palavra monogenes para se engendrar o pensamento de que Jesus não é Deus eterno.

Entretanto, quando os escritores do Novo Testamento usaram a palavra gennao, também traduzida por “unigênito” ou “gerado”, isso implica em algo de diferente significado. Note estes versos:

“Porque, ainda que tivésseis dez mil aios em Cristo, não teríeis, contudo, muitos pais; porque eu, pelo evangelho, vos gerei em Jesus Cristo.” 1 Coríntios 4:15. “Peço-te por meu filho Onésimo, que gerei nas minhas prisões.” Filemom 10.

“Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido.” 1 João 5:1.

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas o que de Deus é gerado conserva-se a si mesmo, e o maligno não lhe toca.” 1 João 5:18. Em nenhum desses textos, “gerado” se refere à singularidade de Cristo. Contudo, há pelo menos três ocasiões nas quais gennao refere-se a Cristo. É interessante notar que todos os três textos referem-se a uma profecia do salmista, que foi escrita em hebraico: “Recitarei o decreto: O SENHOR me disse: Tu És Meu Filho; Eu hoje Te tenho gerado.” Salmo 2:7. Note os três textos do Novo Testamento que citam o Salmo 2:7: “… como também está escrito no Salmo segundo: Meu filho és Tu; hoje Te tenho gerado [gennao]”. Atos 13:33.

“Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje Te tenho gerado [gennao]? E outra vez: Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho?” Hebreus 1:5. “Assim, também Cristo não Se glorificou a Si mesmo, para Se fazer sumo sacerdote, mas glorificou Aquele que Lhe disse: Tu és Meu Filho, hoje Te tenho gerado [gennao].” Hebreus 5:5.

Em cada uma dessas referências não há indícios de que Jesus veio à existência em qualquer tempo no passado. Na verdade, Paulo, como registrado em Atos 13:33, aplica a profecia do salmista à ressurreição de Jesus. Desta forma, Salmo 2:7 foi uma profecia concernente à futura ressurreição de Cristo e NÃO a uma histórica declaração de Suas origens na eternidade passada.

Atos 13:33, clara e inequivocamente, fornece a interpretação divina de Salmo 2:7. Cristo foi gerado de Deus em Sua ressurreição. Não convém colocarmos nossas faltosas suposições humanas em oposição à clara palavra de Deus. Devemos permitir que a Bíblia interprete a si mesma. O livro de Apocalipse apoia totalmente o fato de que gerado, nesse contexto, refere-se à ressurreição de Cristo:

“… e da parte de Jesus Cristo, que é a fiel testemunha, o primogênito dos mortos e o príncipe dos reis da terra. Àquele que nos ama, e em Seu sangue nos lavou dos nossos pecados.” Apocalipse 1:5.

A Bíblia também aplica o termo “gerado” ao nascimento de Cristo: “Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje Te tenho gerado? E outra vez: Eu Lhe serei por Pai, e Ele me será por Filho? E, quando outra vez introduz no mundo o Primogênito, diz: E todos os anjos de Deus O adorem.” Hebreus 1:5,6.

Assim, a referência a Jesus como gerado indica exclusivamente Seu nascimento e Sua ressurreição.

Há aqueles que negam a pré-existência de Cristo antes de Sua encarnação; portanto, eles devem negar também que Ele é o Criador deste mundo. Assim fazendo, eles estão em direta violação ao claro testemunho das Sagradas Escrituras: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por Ele, e sem Ele nada do que foi feito se fez… estava no mundo, e o mundo foi feito por Ele e o mundo não O conheceu.” João 1:1-3,10.

Portanto, não há a mais fraca evidência de que o termo “unigênito”, ou “único gerado”, refira-se de forma alguma a um começo de existência para Cristo. Verdadeiramente Ele é de “eternidade a eternidade”, com o é Deus Pai e Deus Espírito Santo.

Paulo seguramente compreendeu a plenitude da majestade de Jesus Cristo, como é visto em sua primeira epístola a Timóteo. Aqui Cristo, nos mais grandiosos termos da linguagem humana, é declarado ser o Senhor dos senhores e Rei dos reis. “… que guardes este mandamento sem mácula e repreensão, até à aparição de nosso Senhor Jesus Cristo; o qual, a Seu tempo, mostrará o bem-aventurado e único poderoso Senhor, Rei dos reis e Senhor dos senhores; Aquele que tem, Ele só, a imortalidade e habita na luz inacessível; a quem nenhum dos homens viu nem pode ver; ao qual seja honra e poder sempiterno. Amém.” 1 Timóteo 6:14-16.

Não podemos esquecer que, enquanto os anjos não possuem a imortalidade, Cristo a possui, pois Ele é Deus e não um ser criado.

João, detalhando a grande vitória de Cristo sobre as forças de Satanás, também reconhece a majestosa plenitude de Jesus:

“Estes combaterão contra o Cordeiro, e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; vencerão os que estão com Ele, chamados, eleitos e fiéis.” Apocalipse 17:14.

Aqueles que, através das eras, têm sustentado a ideia de que Cristo não é eterno com o Pai, e que a pessoa do Espírito Santo não existe, falham em compreender a plenitude das declarações da Bíblia de que “Deus é Amor” (1 João 4:16). O amor não existe sem a possibilidade de expressar-se. Se, por uma eternidade, Deus o Pai viveu sozinho antes da criação (ou surgimento) dos outros seres, não haveria amor algum, pois não havia ninguém para receber aquele amor. O amor, a própria essência de Deus, exige que haja outros seres que sejam objeto de Seu amor. Esse princípio, sozinho, já negaria os conceitos daqueles que argumentam que Cristo passou a existir em algum tempo nas eras do passado, e que Ele não é eterno.

Irmãos e irmãs, não nos deixemos enganar por argumentos artificiosos. Nós servimos a um Salvador cuja própria pré-existência eterna provê a vida eterna a todo pecador arrependido.

Evidências do Antigo Testamento de que Cristo É o Deus Eterno

Talvez a primeira compreensão da divindade de Jesus venha do registro da noite de luta de Jacó. Depois de perceber que havia lutado não com um homem, nem mesmo com um anjo, ele então chamou o lugar pelo nome de Peniel, “Pois eu vi a Deus face a face, e minha vida foi poupada.” Gênesis 32:30.

Enquanto a revelação divina brilhava na mente de Jacó, ele reconheceu que havia lutado com o Senhor do Universo. O nome Peniel significa “A face de Deus”. Claramente isto se referia a Deus o Filho, mesmo que, provavelmente, essa compreensão não fosse clara para Jacó.

Um entendimento semelhante veio a Manoá. As primeiras indicações são de que ele estava falando com o Anjo do Senhor. Depois ele viria a reconhecer que, como Jacó, ele tinha se comunicado face a face com Deus.

“E nunca mais apareceu o Anjo do SENHOR a Manoá, nem à sua mulher; então, conheceu Manoá que era o Anjo do SENHOR. E disse Manoá à sua mulher: Certamente morreremos, porquanto temos visto Deus.” Juízes 13:21, 22.

É provável que Gideão tenha visto o Filho de Deus, apesar de ele não tê-Lo identificado como tal: “Então, viu Gideão que era o Anjo do SENHOR; e disse Gideão: Ah! Senhor JEOVÁ, que eu vi o Anjo do SENHOR face a face. Porém o SENHOR lhe disse: Paz seja contigo; não temas, não morrerás.” Juízes 6:22, 23.

Foi o profeta Isaías, frequentemente citado como o profeta do evangelho, quem, mais que qualquer outro profeta do Antigo Testamento, identificou Jesus como membro eterno da Divindade. Isto é especificamente visto em Isaías capítulo sete até o nove, de cujo texto algumas partes foram transformadas em música gloriosa por G. F. Haendel em “O Messias”. Em Isaías capítulo sete, o significado da palavra Emanuel não é ainda explicado. “Portanto, o mesmo Senhor vos dará um sinal: eis que uma virgem conceberá, e dará à luz um filho, e será o seu nome Emanuel.” Isaías 7:14.

Entretanto, ao continuar o tema no capítulo oito, novamente Emanuel é introduzido: “e passará a Judá, inundando-o, e irá passando por ele, e chegará até ao pescoço; e a extensão de suas asas encherá a largura da tua terra, ó Emanuel.” Isaías 8:8. Dois versos além, e nos é fornecido o significado da palavra Emanuel. “Tomai juntamente conselho, e ele será dissipado; dizei a palavra, e ela não subsistirá, porque Deus é conosco.” Isaías 8:10.

Assim, o apóstolo Mateus foi capaz de conectar o nome e seu significado juntos:

“Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de EMANUEL. (EMANUEL traduzido é: Deus conosco).” Mateus 1:23.

Contudo, Jesus era homem, mas também era Deus. Em Isaías capítulo nove, estão algumas das mais poderosas palavras das Escrituras, pois declaram o fato de que Cristo é Deus, no mais alto sentido, e que Sua existência é desde a eternidade. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e o principado está sobre os seus ombros; e o seu nome será Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz.” Isaías 9:6.

A criança citada aqui só poderia ser Jesus. O Pai e o Espírito Santo nunca encarnaram. Nesta profecia, são outorgados a Jesus os mais altos títulos da Divindade: O Poderoso Deus e o Pai Eterno [Pai da Eternidade]. Observemos o adjetivo “eterno” e outorguemos a ele o seu significado claro. Cristo é eterno! Deste fato, não se pode haver dúvida alguma.

Em Isaías 40, profetizando a respeito do ministério de João o Batista, mais uma vez Jesus é citado como Deus: “Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do SENHOR; endireitai no ermo vereda a nosso Deus.” Isaías 40:3.

Tão importante é este texto, que os três evangelhos sinóticos, Mateus, Marcos e Lucas, o citam para confirmar o ministério de João o Batista. Dos três, Lucas é o mais claro em especificamente referir-se a Jesus como Deus. “… segundo o que está escrito no livro das palavras do profeta Isaías, que diz: Voz do que clama no deserto: Preparai o caminho do Senhor; endireitai as suas veredas. Todo vale se encherá, e se abaixará todo monte e outeiro; e o que é tortuoso se endireitará, e os caminhos escabrosos se aplanarão; e toda carne verá a salvação de Deus.” Lucas 3:4-6.

Até mesmo um rei pagão, Nabucodonosor, teve o privilégio de ver o Filho de Deus. “Respondeu e disse: Eu, porém, vejo quatro homens soltos, que andam passeando dentro do fogo, e nada há de lesão neles; e o aspecto do quarto é semelhante ao filho de Deus.” Daniel 3:25.

O profeta Miqueias também dá um poderoso testemunho da existência eterna de Cristo: “E tu, Belém Efrata, posto que pequena entre milhares de Judá, de ti me sairá o que será Senhor em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.” Miqueias 5:2.

Mais uma vez, se as Escrituras são confiáveis, e elas com toda certeza o são, reconhecemos que a existência de Cristo é claramente exposta aqui como sendo desde os dias da eternidade. Iria qualquer cristão que crê na Bíblia atrever-se a contradizer as Escrituras e argumentar que o bebê de Belém não foi o Deus Eterno encarnado?

Com todas essas poderosas declarações do Antigo Testamento, podemos atestar que Moisés, no Salmo 90, também estava se referindo a Cristo: “Antes que os montes surgissem, ou mesmo antes de teres formado a Terra e o mundo, mesmo desde a eternidade para a eternidade, Tu és Deus.” Salmo 90:2.

Esse texto, seguramente, firma a questão. Todos os cristãos concordam que Cristo viverá eternamente no futuro. Portanto, Ele seguramente viveu eternamente no passado. Nada há, no Antigo Testamento, que venha de forma alguma lançar dúvidas sobre a evidência de que Jesus é uma parte da eterna Divindade.

Alguns argumentam que a palavra eternidade ou para sempre, em hebraico, pode possuir o significado de “pela duração da vida ou do evento”. Isto é correto. “Porém Ana não subiu, mas disse a seu marido: Quando o menino for desmamado, então, o levarei, para que apareça perante o SENHOR e lá fique para sempre. Pelo que também ao SENHOR eu o entreguei, por todos os dias que viver; pois ao SENHOR foi pedido. E ele adorou ali ao SENHOR.” 1 Samuel 1:22, 28.

Mas existe um princípio bíblico que torna fácil determinar qual dos dois significados deve ser aplicado. Este princípio está demonstrado na promessa de vida eterna. Como garantimos que essa promessa não significa até nós morrermos? Sabemos que não é assim, porque a inspiração declara inequivocamente que não haverá mais morte. “E Deus limpará de seus olhos toda lágrima, e não haverá mais morte, nem pranto, nem clamor, nem dor, porque já as primeiras coisas são passadas.” Apocalipse 21:4.

Assim, a vida eterna certamente quer dizer eternamente ou para sempre. Deus também nos dá evidência de que Cristo não teve Sua vida derivada do Pai. “Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada.” DTN, pg. 530.

Evidências do Novo Testamento de que Cristo É o Deus Eterno

Como já vimos antes, João começa o seu evangelho com uma declaração definitiva de que Jesus era Deus.

“No princípio era o Verbo, e o Verbo estava Deus, e o Verbo era Deus.” João 1:1.

Alguns contestam esta interpretação declarando que a tradução correta de João 1:1 é a de que o Verbo era “um deus”. Mesmo que fosse apropriado usar o artigo indefinido, não mudaria em nada a condição de Jesus como Deus, pois Deus é imortal, eterno, onisciente e onipotente. João também esclarece que Jesus estava com Deus no começo: “Ele estava no princípio com Deus.” João 1:2.

João ainda afirma que Ele foi o Criador de toas as coisas: “Todas as coisas foram feitas por Ele; e sem Ele, nada do que foi feito se fez.” João 1:3.

Depois ele O apresenta como a origem da vida. Esta também é uma declaração de que Cristo é o possuidor da vida, e não a recebeu de ninguém. “Nele estava a vida; e a vida era a luz dos homens.” João 1:4. João confirma isso em sua primeira epístola: “E este é o testemunho: que Deus nos deu a vida eterna; e esta vida está em Seu Filho.” 1 João 5:11.

O próprio Jesus declarou que Ele é a vida. “Disse Jesus a ela: Eu Sou a ressurreição e a vida; aquele que crê em mim, ainda que tenha morrido, viverá.” João 11:25.

Somente Aquele que tem vida original, não emprestada e não derivada poderia declarar validamente a Si mesmo como sendo a vida. “Jesus disse a ele: Eu Sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai se não for por Mim.” João 14:6.

Paulo também reconheceu Jesus como quem possui o título de “Vida”: “Quando Cristo, que é nossa vida, Se manifestar, então vós também vos manifestareis com Ele em glória.” Colossenses 3:4.

Paulo declara que Cristo não é um Deus menor, mas que Ele possui a plenitude da Divindade: “Pois Nele habita corporalmente toda a plenitude da Divindade.” Colossenses 2:9.

Jesus reivindicou ser um com o Pai: “Eu e o Meu Pai somos um.” João 10:30. “Disse-lhe Filipe: Senhor, mostra-nos o Pai, o que nos basta. Disse-lhe Jesus: Estou há tanto tempo convosco, e não me tendes conhecido, Filipe? Quem Me vê a Mim vê o Pai; e como dizes tu: Mostra-nos o Pai?” João 14:8. “E, agora, glorifica-me Tu, ó Pai, junto de Ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse.” João 17:5.

Depois da ressurreição de Cristo, Tomé reconheceu-O como Deus: “E Tomé respondeu e disse a Ele: meu Senhor e meu Deus.” João 20:28. Corretamente compreendida, a Palavra de Deus apoia a eterna divindade de Cristo. Disso nós não podemos entreter dúvida alguma.

O “EU SOU” 

Outra poderosa evidência da existência eterna de Jesus está na declaração de que Ele é o “Eu Sou” e o Alfa e o Ômega. “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-poderoso.” Apocalipse 1:8.

“… que dizia: Eu Sou o Alfa e o Ômega, o primeiro e o último, e o que vês, escreve-o num livro e envia-o às sete igrejas que estão na Ásia: a Éfeso, e a Esmirna, e a Pérgamo, e a Tiatira, e a Sardes, e a Filadélfia, e a Laodiceia.” Apocalipse 1:11.

E disse-me mais: “Está cumprido; Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida.” Apocalipse 21:6. “E Ele é antes de todas as coisas, e todas as coisas subsistem por Ele.” Colossenses 1:17.

Esses termos, o “Alfa” e o “Ômega” e o “Eu Sou”, são termos de grande significado. São usados para expressar a existência eterna de Jesus Cristo. Se a existência de Cristo fosse menos que eterna, Ele poderia ser acusado de impostor ao reivindicar esses títulos. Quão evidentemente o livro de Apocalipse declara a eternidade de Cristo! “João, às sete igrejas que estão na Ásia: Graça e paz seja convosco da parte daquele que é, e que era, e que há de vir, e da dos sete espíritos que estão diante do Seu trono.” Apocalipse 1:4. 

Note também como quão enfaticamente, no fim de Apocalipse, João reforça a existência eterna de Jesus: “Eu sou o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim, o primeiro e o derradeiro.” Apocalipse 22:13.

As palavras EU SOU, quando apresentadas como característica de Jesus, referem-se à Sua eterna existência. Esse é o mesmo termo que é aplicado para Deus no Antigo Testamento. “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós.” Êxodo 3:14.

“Vede, agora, que Eu, Eu o Sou, e mais nenhum deus comigo; Eu mato e Eu faço viver; Eu firo e Eu saro; e ninguém há que escape da Minha mão.” Deuteronômio 32:39. “Vós sois as Minhas testemunhas, diz o SENHOR, e o Meu servo, a quem escolhi; para que Me conheçais, e Me creiais, e entendais que Eu Sou, e que antes de Mim deus nenhum se formou, e depois de Mim nenhum haverá.” Isaías 43:10. “E até à vossa velhice Eu Sou; e ainda até às cãs Eu vos carregarei; Eu fiz, e Eu levarei, e vos trarei e vos livrarei.” Isaías 46:4.

No Antigo Testamento, na tradução de “ani hu”, a palavra “sou” é acrescentada, mas está claramente implícita, pois na Septuaginta, a tradução grega do Antigo Testamento, “ani hu” é traduzido por “ego eimi”, que claramente significa “eu sou”. O uso de “ego eimi” por Jesus e João é um claro testemunho de que Ele estava reivindicando sobre Si a eterna e completa Divindade, igual ao Pai. [N.T.: O verbo ser ou estar, no hebraico, tem um uso extremamente implícito. É um verbo cuja expressão é pouco usada. Por exemplo, quando alguém quer dizer em hebraico “Eu sou” ou “Eu estou”, ele diz apenas “Eu” e, pelo contexto da conversa ou do texto, entende-se claramente: “Eu sou”].

Muitos exemplos do uso desse termo por Cristo podem ser encontrados no livro de João. “Disse-lhes, pois, Jesus: Quando levantardes o Filho do Homem, então, conhecereis quem Eu Sou, e que nada faço por Mim mesmo; mas falo como o Pai Me ensinou.” João 8:28.  “Desde agora, vo-lo digo, antes que aconteça, para que, quando acontecer, acrediteis que Eu Sou.” João 13:19. “Responderam-lhe: A Jesus, o Nazareno. Disse-lhes Jesus: Eu Sou. E Judas, que o traía, estava também com eles.” João 18:5. 

Algumas traduções dos textos acima trazem a expressão “eu sou ele”. Em cada uma dessas declarações, a palavra “ele” foi acrescentada pelos tradutores, o que diminui o impacto do Eu Sou e o real significado das palavras de Jesus. Mas no grego essas palavras são consistentes com o uso delas no Antigo Testamento. O profundo impacto de Cristo declarar-Se a Si Mesmo como o Eu Sou perante os líderes judaicos e os soldados resultou em uma notável reação daqueles que O estavam questionando: “Quando, pois, lhes disse: Eu Sou, recuaram e caíram por terra.” João 18:6.

Está claro que Jesus estava fazendo muito mais do que Se identificando, e que Ele foi bem entendido por Seus ouvintes, como fica demonstrado pela dramática resposta deles. Seus antagonistas Judeus compreendiam muito bem a implicação de Suas palavras. É quase certo que muitos deles ficaram profundamente convictos quando ouviram essas palavras repetidas (João 18:6), no entanto, acabaram levando avante seu ímpio intento. Jesus advertiu que a aceitação de que Ele é o Eu Sou é uma questão de salvação: “Por isso, vos disse que morrereis em vossos pecados, porque, se não crerdes que Eu Sou, morrereis em vossos pecados.” João 8:24.

Muitos outros textos do Novo Testamento enriquecem nossa compreensão da Divindade eterna de Jesus: “dos quais são os pais, e dos quais é Cristo, segundo a carne, o qual é sobre todos, Deus bendito eternamente. Amém!” Rom. 9:5. “E, sem dúvida alguma, grande é o mistério da piedade: Deus foi manifestado na carne, justificado em espírito, visto dos anjos, pregado aos gentios, crido no mundo e recebido acima, na glória.” 1 Timóteo 3:16.  “Aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do grande Deus e nosso Salvador Jesus Cristo.” Tito 2:13. “Mas, do Filho, [o Pai] diz: Ó Deus, o Teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de equidade é o cetro do Teu reino.” Hebreus 1:8. “Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és Meu Filho, hoje Te gerei? E outra vez: Eu Lhe serei por Pai, e Ele Me será por Filho?” Hebreus 1:5. “E sabemos que já o Filho de Deus é vindo e nos deu entendimento para conhecermos que Ele é verdadeiro; e nós estamos Nele que é verdadeiro, isto é, em Seu Filho Jesus Cristo. Este é o verdadeiro Deus e vida eterna.” 1 João 5:20.

Mas talvez a declaração mais específica nas Escrituras venha da introdução de João em Apocalipse: “…e nos fez reis e sacerdotes para Deus e Seu Pai, a Ele, glória e poder para todo o sempre. Amém!” Apocalipse 1:6.

Em muitas ocasiões, as Escrituras referem-se ao Filho e a Deus (o Pai), mas este texto se refere ao Pai e a Deus (o Filho). Não há dúvidas de que a Bíblia, quando examinada de forma completa, invariavelmente apoia a plenitude da existência eterna de Jesus antes de seu nascimento em Belém. Jesus, de todas as formas, foi e é nosso Deus Eterno, “O Pai Eterno”.

A Questão da Adoração 

Por duas vezes, João, o revelador, foi vividamente lembrado de que só Deus é o objeto de nossa adoração. “E eu lancei-me a seus pés para o adorar, mas ele disse-me: Olha, não faças tal; sou teu conservo e de teus irmãos que têm o testemunho de Jesus; adora a Deus; porque o testemunho de Jesus é o espírito de profecia.” Apocalipse 19:10.

E eu, João, sou aquele que vi e ouvi estas coisas. E, havendo-as ouvido e visto, prostrei-me aos pés do anjo que mas mostrava para o adorar. E disse-me: Olha, não faças tal, porque eu sou conservo teu e de teus irmãos, os profetas, e dos que guardam as palavras deste livro. Adora a Deus.” Apocalipse 22:8,9.

Que Jesus é Deus, isso é confirmado pelo registro escriturístico de que Ele recebeu adoração sem repreender o adorador. “Dizendo-lhes ele essas coisas, eis que chegou um chefe e O adorou, dizendo: Minha filha faleceu agora mesmo; mas vem, impõe-lhe a Tua mão, e ela viverá.” Mateus 9:18. “E eis que veio um leproso e O adorou, dizendo: Senhor, se quiseres, podes tornar-me limpo.” Mateus 8:2.

“Então, chegou ela e adorou-O, dizendo: Senhor, socorre-me.” Mateus 15:25. “Então, aproximaram-se os que estavam no barco e adoraram-No, dizendo: És verdadeiramente o Filho de Deus.” Mateus 14:33.

Evidências do Espírito de Profecia de que Cristo É o Deus Eterno 

Apesar de muitos de nossos pioneiros, como J. H. Waggoner e Urias Smith, não crerem na existência eterna de Jesus Cristo [N.T.: Eles não foram nesse engano até o fim de suas vidas; depois reconheceram e aceitaram a verdade], a irmã White, sob inspiração, tornou clara a eterna existência de Cristo. “Jesus não é somente nosso Pastor, Ele é nosso ‘Pai Eterno’”. O Desejado de Todas as Nações, pg. 483.

“Em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada… A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente… Aquele que estava, Ele próprio, prestes a morrer na cruz, retinha as chaves da morte, vencedor do sepulcro, e afirmou Seu direito e poder de dar vida eterna.” O Desejado de Todas as Nações, pg. 530. 

“Apresentando a Cristo ao tempo em que Ele estava em igualdade com Deus e com Ele recebendo homenagem dos anjos, o apóstolo traçou Seu caminho até que Ele alcançou as mais baixas profundezas da humilhação… Ele mostrou como o Filho de Deus tinha posto de lado Sua glória, submetendo-Se voluntariamente às condições da natureza humana; e então Se humilhara como servo, tornando-Se obediente até à morte, ‘e morte de cruz’ (Filip. 2:8).” Atos dos Apóstolos, pg. 333. 

“Cristo é o Filho de Deus, preexistente, existente por Si mesmo… Falando de Sua preexistência, Cristo conduz a mente através de séculos incontáveis. Afirma-nos que nunca houve tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o eterno Deus. Aquele cuja voz os judeus estavam então ouvindo estivera com Deus como Alguém que vivera sempre com Ele.” Evangelismo, pg. 615. 

Ele era igual a Deus, infinito e onipotente… É o Filho eterno, existente por Si mesmo.” Evangelismo, pg. 615, citado de Manuscrito 101, 1897. 

“O nome de Deus, dado a Moisés para exprimir a ideia da presença eterna, fora reclamado como Seu pelo Rabi da Galileia. Declarara-Se Aquele que tem existência própria.” O Desejado de Todas as Nações, pgs. 469, 470. 

“Desde os dias da eternidade o Senhor Jesus Cristo era um com o Pai; era ‘a imagem de Deus’, a imagem de Sua grandeza e majestade, ‘o resplendor de Sua glória.’” O Desejado de Todas as Nações, pg. 19. 

“Ao transpor as portas celestiais, foi Jesus entronizado em meio à adoração dos anjos. Tão logo foi esta cerimônia concluída, o Espírito Santo desceu em ricas torrentes sobre os discípulos, e Cristo foi de fato glorificado com aquela glória que tinha com o Pai desde toda a eternidade.” Atos dos Apóstolos, pgs. 38, 39. 

“O Senhor Jesus Cristo, o divino Filho de Deus, existiu desde a eternidade, uma pessoa distinta, contudo um com o Pai. Ele era a transcendente glória dos Céus.”  Review & Herald, 5 de abril de 1906. 

“Falando de Sua pré-existência, Cristo conduz a mente de volta às eras infindáveis. Ele nos assegura de que nunca houve um tempo em que Ele não estivesse em íntima comunhão com o Deus Eterno.” Signs of the Times, 29 de agosto de 1900. 

“Aqui Cristo lhes mostra que, embora eles achem que Sua vida tenha menos que cinquenta anos, contudo Sua vida divina não pode ser considerada pelo cômputo humano.” Signs of the Times, 3 de maio de 1899. 

“Desde a eternidade, esteve Cristo unido ao Pai, e quando assumiu a natureza humana, era ainda um com Deus.” Mensagens Escolhidas I, pg. 228. 

“Cristo era essencialmente Deus, e O era no mais alto sentido. Ele estava com Deus desde a eternidade. Bendito para todo o sempre.” Review & Herald, 5 de abril de 1906. 

“A Palavra existia como um ser divino, mesmo como o Eterno Filho de Deus, em união e unidade com Seu Pai. Desde a eternidade fora o Mediador do concerto, Aquele em quem todas as nações da Terra, tanto judeus como gentios, caso O aceitassem, seriam abençoados. ‘O Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus.’ João 1:1. Antes que os homens ou os anjos fossem criados, o Verbo estava com Deus e era Deus.” Evangelismo, pgs. 615, 616, citado de Review & Herald, 5 de abril de 1906. 

Quão humilhados ficamos quando reconhecemos que foi o Poderoso Deus, o Pai Eterno, quem veio à Terra na natureza da humanidade, a fim de nos redimir. Esta verdade melhora grandemente nossa compreensão do infinito sacrifício de ambos, o Pai e o Filho, na oferta sacrifical do Calvário.